TV DA GABI :: FELIZES PARA SEMPRE?

Você pode não ter assistido à minissérie “Felizes Para Sempre?” na Globo nas últimas semanas, mas certamente ouviu algum buzz a respeito, nem que seja a bunda Kardashiana da Paolla Oliveira, que sequer precisava de corpão com um rosto daqueles. Fato é que esta série foi mais uma das produções fora do quadrado que a emissora vem arriscando fazer pra essa galera notívaga. Foram só 2 semanas, mas mais do que intensas, com uma história de uma crueza que jamais vi em canal aberto.

Apesar do nome conter felicidade no meio, um ponto de interrogação nunca se fez tão necessário. O tema desta série é a antítese da felicidade. Se você achava que poderia se desenrolar bem, pense de novo, porque esta série é um ode ao fracasso, à frustração, à tristeza e sobretudo à insatisfação matrimonial. Não sei como conseguiram construir um roteiro com tanta infidelidade em uma só família e tornar isso plausível… Mérito do autor Euclydes Marinho. Ainda assim é muito boa, não me deprimiu, nem me revoltou como Game of Thrones, por exemplo. Aliás, a série terminou há quase uma semana e ainda estou pensando sobre ela. Até sonhei! Gosto quando a ficção cria este tipo de impacto a longo prazo. Adoro remoer as ideias que uma obra deste porte fomenta.

Tudo acontece em Brasília (o que já é meio caminho andado para a desgraça no nosso atual contexto, né?) onde uma família composta por diversos casais vive uma aparente vida pacata, mas cheia de segredos, mentiras, puladas de cerca e frustações. A história central é a do casal Claudio e Marília, vividos por Enrique Díaz e Maria Fernanda Cândido, um corrupto promíscuo e uma depressiva mosca morta que disfarçam muito bem. Eis que eles resolvem dar uma apimentada com Danny Bond, a garota de programa vivida por Paolla, e daí as coisas começam a andar/desandar muito rápido. Não gosto de dar spoiler, mas posso adiantar que esta começa a ter um caso com ambos, sem que um saiba do outro.

Só de rever Adriana Esteves depois da Carminha me animei para assistir, mas ninguém fica atrás no elenco. Até Paolla Oliveira que se queimou na última novela conseguiu reverter a má reputação. Estão todos muito bem em seus papéis. Outra coisa que eu acho bacana é trazer atores que não são tão figurinhas batidas em novelas, como Enrique Díaz, que está absolutamente brilhante no seu papel de mau-caráter safado. O personagem tinha de tudo para render uma atuação bem clichê, dado o tamanho da ousadia (leia-se, cara-de-pau) do dito cujo, mas fui surpreendida positivamente. Além disso, boa parte é dirigida por Fernando Meirelles e ainda tem uma fotografia digna de qualquer série gringa de elite. Só não tem o mesmo grau de cenas de sexo porque foram cortadas em nome do pudor que o telespectador mediano exige. Talvez no On Demand?

A única coisa chata de toda a série eram as perguntas no início/fim de cada episódio, como por exemplo “Quem Ama Mata?”, que é o título da série original do próprio Euclydes Marinho que inspirou “Felizes Para Sempre”. Achei essas perguntinhas um pouco irritantes e wannabe profundas. Eu gosto de chegar lá sozinha, sabe? rs…

Já uma das melhores partes é ver como tudo conversa com a nossa história recente, com as manifestações contra a corrupção, mas sem fazer apologia a ninguém. Tem até uma espécie de denúncia ao próprio movimento, que também é um tanto corrompido. Não fugiram da raia e achei apropriado.

No geral achei a série bem bacana, bonita, intrigante e com final interessante. Ainda não sei se vai para a programação On Demand, como algumas anteriores, mas se for vou querer rever…

Onde tem?
Teve na Globo, agora é torcer para o NET Now ou DVD.

Nota:
★★★★★★★★★★ 8/10

Beijos,
Gabi