Imagina lá em 1986 um neném que nasceu com 5 quilos e 56 centímeros. Essa era eu (sim, coitada da minha mãe). Quando uma funcionária no corredor do hospital me viu no berçário perguntou em voz alta “quem foi que botou um bebê criado aí dentro?”. Essa é a dimensão da minha dimensão. Sempre fui assim, grande. Veja bem, não só alta, mas grande. Gisele Bündchen é alta. Serena Williams é alta… E grande. Eu sou ambos e essa pluralidade de grandeza dificultou bastante a minha vida em alguns aspectos.
Não estou falando só de bater a cabeça em todas as portas de armário ou de encostar o joelho na poltrona da frente no avião. Também não tem a ver com não caber num Ford Ka. Isso é chato, mas não chateia. Estou falando do difícil: aquelas coisas que podem abalar a sua autoestima nos pequenos detalhes. Não ter ninguém para dançar música lenta comigo nas festinhas da Vogue e Mykonos aos 11 anos foi difícil. Mas conforme o seu círculo social cresce, você descobre que você não é o único alto do mundo e isso é superado com facilidade. Já as roupas…
Pode parecer fútil dizer que isso é muito relevante, mas é importante sim. Quem veste P em cima e G embaixo na hora de comprar o biquíni tem alguma idéia do que eu estou falando. Essa sensação de que você não pode ficar com aquilo que amou de verdade e que jamais vai encontrar o que procura. Não é o que você gostou mesmo, mas o que serviu. Quem nunca quis chorar num provador, que atire a primeira pedra. Ou pior, na adolecência, quando surge um modismo qualquer que em você certamente vai ficar ridículo. Imagina uma mini saia. Tudo que é Mini nos outros, em mim fica Nano. Invisible Bra? Tapa-mamilos. Baby look? Blusa amostra grátis. Calça de cintura baixa? Prefiro não comentar. Até pulseira não entra às vezes. Isso sem contar o pé! Para uma pessoa que queria viver de moda, foi um suplício.
Mini-saia, minha inimiga mortal.
Eu falo por mim e pela minha experiência de tragicomédia. Mas a verdade é que “o padrão” engloba muito pouca gente. As mesmas pulseiras que não entram no meu punho cairíam no braço de boa parte das meninas. O sutiã que não cabe no meu busto, sobra no de alguém ao mesmo tempo que fica perfeito nas costas. No fundo, acho que quase ninguém é “padrão”. Se for, deve ser modelo de prova. O que é um tanto irônico. Acho que nenhuma das minhas amigas veste “M” em tudo.
Sei bem como é amiga…
O que me ajudou muito, desde adolescente, foi tentar perceber o que me caía bem e o que me caía mal. O que me valorizava por entre aquilo que eu achava bonito. Essa auto-descoberta me poupou de muita decepção. Comecei a filtrar melhor minhas compras… Depois de um tempo, passei a nem perder tempo olhando o que eu já sabia que não me serviria. Araras de calça? Não olho há anos. Aprendi onde existe calça para mim e vou lá. Embarcar na tendência? Talvez, se eu pudesse adaptar para mim. Comprar nas mesmas lojas das minhas amigas? Raramente. Aliás, agradeço muito à Zara, com sua modelagem maior, por ter chegado ao Brasil num momento crucial da minha adolescência. Se bem que eles têm muito que me agradecer também…$$$.
Existem casos muitíssimo piores que o meu (para mais ou para menos). Mas a palavra chave aqui não é só “tamanho“, no sentido de P, M ou G. O “x” da questão foi a adequação. Palavrinha mágica! O que algumas pessoas enxergariam como uma restrição, só me reconfortou. Foi ela que me deu confiança para construir meu estilo, considerando minhas características pessoais. Levou tempo, mas eu consegui me encontrar aos poucos e apreciar minha forma desparonizada. Foi quando, alguns anos depois, eu descobri a Consultoria de Imagem que me ensinou tudo sobre isso que eu tanto busquei praticar, aos trancos e barrancos, entre erros e acertos. Ilusão de ótica, coloração pessoal, estilos, closet cleaning, entre outras técnicas… Foi um marco que mudou minha relação com as roupas e com a minha autoestima para sempre. Se antes eu via problemas, aprendi a conhecer as soluções. Por isso não sou só consultora, mas entusiasta.
Acredito que a vida de muita gente pode se transformar através dessa mudança de perspectiva. Esse foi um dos motivos que me levou a criar o workshop “Como se vestir melhor, comprando menos (e sem fazer dieta)“, que lancei aqui há alguns dias. A gente passa a vida tentando adequar nosso corpo ao mundo à nossa volta. Por que não fazer o inverso também? Hoje eu não trocaria meu tamanho pelo de ninguém (mas talvez reconsidere se me oferecerem o da Sofia Vergara).
Dois beijos [só para sair do padrão],
Gabi
Gabi adoro o blog, principalmente quando 10 que vc entra 9 sao o look do dia so que publi, oi?. kkkk
tb sou alta e nao sou magérrima… sofro pouco no caso de roupa, mas tenho uma tia que diz que aqui so fazem roupa para japones…kkkk
mas como sempre o post muito pertinente… bjs!!!!
Não sei se para japonês, mas muitas peças hoje vem da China, né?
Acho que a tabela de tamanhos muda um pouco, para baixo, rs.
Beijos,
Gabi
Q bacana,, tbm sofre com isso .. mto chato né… mas apreder a lidar e tirar proveito faz toda diferença!!! looks lindos!!!
Bjs
É difícil mas dá para contornar! rs
Beijos e obrigada,
Gabi
Que cabelo maravilhoso esse seu! :)
<3 <3 <3 Muito obrigada!
Beijos,
Gabi
Gabi, vc linda como sempre!
Durante muito tempo da minha vida quis ser mais baixa, me sentia muito mal perto das minhas amigas “mignon”.. pra falar verdade, até hoje me sinto um pouco girafa quando ponho salto, e olha que só tenho 1,70! Me sensibilizo com vc, na adolescência isso realmente deve ter sido um problema. Mas hj você passa a sensação de confiança e de quem se sente bem na própria pele! Isso faz com que as pessoas parem de olhar com estranheza e passem a olhar com admiração, pode ter certeza!
Tenho lutado pra me livrar de vez da minha cisma com a altura, por isso comprei uma sandália dessas plataformas de salto grosso que eu acho LINDO, mas tinha vergonha de usar! Posts assim inspiram as pessoas!
Grande beijo!
<3 <3 <3 <3
Muito obrigada!
Arrasa na sua sandália... Chama uma amiga alta pra ir com você na primeira vez, rs. ;)
Beijos,
Gabi